diariodocruzeiro

A vida simples de gente simples numa rua simples de Lisboa

30.1.08

A crítica da crítica ou receita sentimental para uma rua em permanente rebuliço

Ingredientes

4 - vizinhos num café de nome ridículo.

19 – Horas a que se decide ir jantar

2 – Vezes que Rina se oferece para cozinhar

1 – Vez que le grand chef Marques diz “não há problema, cozinho eu”

1 – Minutos que le grand chef Marques demorou a percorrer mentalmente o stock da sua dispensa e frigorífico

30 – Minutos entre a decisão e o início da confecção

½ - Saco de mistura chinesa de vegetais

½ - Saco de camarão tigre do Biafra

1 – Palete de cogumelos frescos

1 – Lata de tomate inteiro em calda

1 – Cebola

Azeite q.b.

1 e ½ Chávenas de arroz basmati

3 e um pedaço – Chávenas de água

1 – Pacote de vinho branco Casal da Eira 33cl

Sal – à medida

Algumas – especiarias e ervas aromáticas



Confecção

Pica-se a cebola e põe-se a refogar em azeite. Diz-se ao Nunes que não é precisa ajuda. Quando a cebola está loira, juntam-se os cogumelos, lavados e cortados. A seguir acamar a mistura chinesa de vegetais, os camarões e depois o tomate e respectiva polpa. Salgar com mestria. Deixar apurar durante dois minutos e juntar o vinho, com rigor e exactidão. Mandar o Nunes largar a colher de pau e sair da cozinha. Aplicar gengibre, alho em pó e oregãos segundo as regras ancestrais da culinária mísitica. Aturar os dislates da Rina e do Nunes sobre o "excesso de condimentos". Expulsá-los, mais uma vez, da cozinha. Ferver a água e acrescentar o arroz quando esta levanta fervura. Deixar os bagos basmatizados cozer apenas 10 minutos. Escorre-se o arroz e devolve-se-le-o à panela, tapando-o e deixando-o em paz. Ignorar os preciosos comentários da Rina sobre "a chama alta com que se cozinha em wok" e manter a vegetália mais uns minutos em lume brando

Servir
Pôr a mesa com os únicos e bonitos copos que se possui. Pedir ao Padilha para abrir o excelente vinho que ele trouxe. Levar o wok da china imperial, período Ming, com mais de 400 anos de experiência para a mesa e achar normal que os convivas o confundam com uma simples panela. Aturar todo o tipo de bocas sobre o que ainda não provaram ainda e servi-los. Aceitar, com naturalidade, a propositada falta de entusiasmo como dizem "está bom", quando querem dizer "está excelente". Verificar, em silêncio, como repetem e manter a serenidade quando os convidados procuram o pão para o molhar no molho que ficou no wok. Beber o bom vinho.

Post it
Não contar com elogios. Esperar todas as críticas. Ainda assim, instituir as segundas-feiras de folga como dia de "Wok supper at Marque's" e proclamar que todos são bem-vindos.

(A foto do prato será colocada esta noite)

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